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‘Cometa do Diabo’ será visível no Brasil nas próximas semanas. Entenda

O dia 2 de junho é a data em que o cometa ficará mais perto da Terra, mas não há perigo de colisão. A proximidade do 12P/Pons-Brooks com o planeta não significa que será mais fácil de vê-lo, já que estará mais longe do Sol



O “Cometa do Diabo”, cujo nome técnico é 12P/Pons-Brooks, poderá se tornar visível da Terra nas próximas semanas, particularmente no hemisfério norte, e a partir do dia 21 de abril no hemisfério sul e no Brasil. Nesse dia, o cometa chegará mais perto do Sol, momento chamado de periélio. O objeto celeste demora 71,3 anos para dar uma volta em torno do Sol. Embora haja uma expectativa de que o corpo celeste se torne visível a olho nu, não há garantias e é indicado o uso de binóculos.


Por enquanto, o cometa passa pela constelação de Andrômeda a 245 milhões de quilômetros da Terra, conta o astrofísico e pós-doutor do Observatório Nacional, Filipe Monteiro. As aparições do cometa costumam ser brilhantes devido à explosões de gás e poeira sendo liberados debaixo de sua superfície.


“Durante o periélio, quando ficará a uma distância de 0,78 unidades astronômicas do Sol ou mais de 116 milhões de quilômetros, o cometa irá atingir seu brilho máximo”. No entanto, destaca Monteiro, isso não traz garantias de que o 12P/Pons-Brooks poderá ser visto a olho nu, já que o brilho dele é imprevisível.


Para testemunhar o periélio do corpo celeste, os observadores deverão olhar para o horizonte oeste, na mesma direção do pôr do Sol, que será o horário em que o cometa ficará mais visível.


Em abril, o Cometa do Diabo estará abaixo da constelação de Touro e, em maio, abaixo da constelação de Órion. O horário em que o corpo celeste se tornará visível varia conforme a região do Brasil por conta da diferença da hora em que o Sol se põe. Em outros momentos do dia, não será possível observar o corpo celeste mesmo com o uso de binóculos e telescópio.


“No Norte, mais especificamente no Acre, o cometa permanecerá visível até por volta das 19h50, porque o Estado está no extremo leste do País. No Nordeste, por outro lado, observadores poderão enxergar o 12P/Pons-Brooks entre 17h45 e 18h20. Já no Rio de Janeiro, o cometa poderá ser visto até umas 18h20. Por estarem mais próximos da Linha do Equador, Norte Nordeste terão a chance de presenciar o corpo celeste a uma altura melhor antes do restante do Brasil”.


Segundo ele, a maior dificuldade será encontrar um lugar com o horizonte oeste livre, visto que o cometa está muito baixo no céu, numa altura de cerca de 15 graus. A partir da segunda quinzena de maio, o cometa vai ficando mais alto, mas também vai perdendo brilho.


O dia 2 de junho é a data em que o cometa ficará mais perto da Terra, mas não há perigo de colisão. A proximidade do 12P/Pons-Brooks com o planeta não significa que será mais fácil de vê-lo, já que estará mais longe do Sol. Nessa data, observadores do hemisfério sul ainda poderão presenciar o 12P/Pons-Brooks com a ajuda de binóculos e telescópios.


Segundo a Agência Aeroespacial dos Estados Unidos (Nasa), no hemisfério norte, o objeto já é visível com o uso de equipamentos. Por lá, a expectativa é de que o cometa possa ser visto a olho nu em 8 de abril, quando também acontecerá um eclipse solar total no norte do planeta.


O “cometa do Diabo” tem chifres


O nome do Cometa do Diabo faz referência ao seu formato de chifre, resultado de uma pressão da radiação do Sol que formou uma espécie de cauda de gás e poeira. O astrônomo Elek Tamás do Observatório Harsona, na Hungria, observou ao olhar imagens do cometa de 2023 que ele estava consideravelmente mais brilhante por conta de uma explosão, que também “entortou” sua cauda.


Vários astrônomos se debruçam sobre as possíveis causas para o formato de chifre do Cometa do Diabo. Uma das hipóteses exploradas diz que o cometa está expelindo gás e poeira de forma desigual. Outra possibilidade avalia que há um bloqueio da visão de parte do material brilhante atrás dele.


O 12P/Pons-Brooks é um cometa do tipo Halley, que são caracterizados por serem periódicos. “Isso contrasta com os cometas de longo período, cujas órbitas duram milhares de anos”, explica o astrofísico Filipe Monteiro.


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